quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Pitty e suas "Setevidas"


Depois de um hiato de cinco anos do seu último álbum de estúdio,o Chiaroscuro,e de três anos do projeto paralelo Agridoce.A Pitty e sua banda estão de volta com o álbum "Setevidas", provavelmente vocês já devem estar sabendo já que sempre que um artista/banda lança um trabalho novo é aquela esquema de divulgação massivo na mídia em geral.

Mas resolvi falar sobre esse retorno depois de avaliar com calma a proposta desse novo álbum,e tenho que confessar que foi uma decisão precisa.Afinal dificilmente eu curto logo de primeira ao ouvir um novo disco de qualquer artista,e com o Setevidas não foi diferente.

O primeiro single - a faixa título do álbum - eu gostei,mas não foi algo que me despertou muito interesse (a princípio).Porém com o tempo fui entendo a proposta da cantora,e curtindo mais a música,mas é óbvio que a música funciona melhor quando se ouve o disco todo.

E o assunto aqui é ele: o disco!Sim,uso o termo disco,porque ele foi lançado em diversos formatos,desde do atual iTunes ao saudoso (e nova onda do momento) vinil,aliás a própria Pitty afirmou numa entrevista que o disco foi pensado para esse formato.O disco,como já se era de esperar,tem um tom mais maduro e aborda questões como morte e dor,mas não é só a morte "tradicional" e sim a morte que está presente no nosso cotidiano,como fim de um processo que dá início a outro.

O bacana na Pitty é que ela dificilmente decepciona,e nesse disco não é diferente,ela dá vazão ao som mais agressivo com guitarras e distorções -típicas do rock'n'roll - mas,utiliza instrumentos que promovem uma sonoridade diferente,por exemplo,ao ler os créditos no encarte fui surpreendido com a informação que ela usou um extintor de incêndio (!) numa das canções,sem contar o uso mais frequente da percussão nesse álbum.

E como não podia faltar as letras inteligentes típicas da cantora também estão presentes,tanto é que destaco um provável novo hit por causa da letra,a faixa "Serpente" que num dos versos diz: "chega dessa pele,é hora de trocar/por baixo ainda é serpente/e devora a cauda pra continuar..." Mas não só pela letra,a sonoridade dela é muito boa com um coral bem forte,sendo a faixa mais incomum do disco,nos remete ao Agridoce.

Poderia escrever um texto enorme falando sobre esse novo disco,mas o essencial a saber é que,esse é um álbum que deve ser ouvido por quem curte boa música independente do estilo.E também não posso deixar de salientar que é muito bom ter uma artista de verdade no cenário musical brasileiro atual que está tão pobre,infelizmente.

A Pitty é uma mulher de personalidade forte,com opiniões contundentes (que para alguns podem ser até polêmicas),uma das raras artistas que conseguem conciliar o underground e o mainstream,o analógico e o digital,pensa no álbum como um todo,não é só a música que conta,a identidade visual também é importante.Tanto é,que as fotos que ilustram o encarte do disco foram feitas pela própria,nelas ficam nítidas o quanto a Pitty adora gatos.

Sendo assim,seja bem vinda de volta Pitty!!!Sorte nossa que ainda te "restam três vidas pra gastar".    




Fonte:


Veja São Paulo